sábado, 12 de dezembro de 2009

FLAMENGUISMO ENFIM

FLAMENGUISMO ENFIM

Sensação indescritível essa enfim sentida ... alegria inesperada, confusa e definitivamente merecida ... afinal, ... somos flamenguistas.

Não dá pra ser Flamengo uma vez e desistir do posto. Todos os que experimentam da sensação de ser flamenguista rende-se à máxima: uma vez Flamengo ... sempre. Sustentação poética maior do sagrado canto, inspirado no sagrado manto, que apesar das negativas tendências sagrou-se vitorioso maior de uma guerra disputada entre batalhas amigas, amigavelmente vencidas e batalhas rivais, aterradoramente disputadas e conquistadas (diga-se batalha do Mineirão, Batalha do Palestra Itália, e etc), definitivamente, ganhamos, uma nação torcedora mais forte do que um time de futebol. Por que, afinal, quem ganhou a última partida do brasileirão foi a fé e a ansiedade dos milhões de flamenguistas que guiaram a bola dos pés do Pet até a cabeça do abençoado Angelim (Cearense divino), pra depois do empate conquistado por um moleque da base poder enfim gritar:freneticamente, fanaticamente, abnegadamente, desesperadamente, ansiosamente, perseverantemente, apaixonadamente e enfim finalmente ... É - C A M P E Ã O !!!

Ergo troféu imaginário, dou volta olímpica na quadra da vizinhança, pago mico com orgulho, por que afinal posso dizer que:

E DALHE DALHE DALHE DALHE OO E DALHE DALHE OOO

E DALHE DALHE DALHE DALHE OO E DALHE DALHE OOO

Mengo estou sempre contigo,somos uma nação, não importe onde esteja, sempre estarei contigo.

Com o meu manto sagrado, e a corneta na mão, o maraca é nosso, vai começar a festa.

E DALHE DALHE DALHE DALHE OO E DALHE DALHE OOO.

Mengão do meu coração !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

A SEDUÇÃO DE JOHN BARLEYCORN







Anos antes de agora, a cerveja era pra mim algo amargo, azedo, esquisito - pelo fato de ser azeda e amarga ao mesmo tempo - enfim, em termos gustativos, muito ruim.
Hoje, me derreto ao sabor de uma cerveja boa ... com um teor diferente em algum aspecto ... um gosto que inspire o sentido de estar degustando algo peculiarmente agradável.
O álcool me inspira, John Barleycorn me seduziu. É companhia indispensável, necessária, inspiradora.
Desenvolver percepções gustativas em relação à vinhos, cervejas, wiskies, pingas e etc., é um acréscimo cognitivo no indivíduo mas também é um traço de um alcoolismo cretino e arrogante.
kkkk
Sou cachaceiro porém enjoado.
Me dou ao luxo escolher a forma mais agradável de me deixar bêbado.
Jack London personificou pra mim o que é a influência da bebida na vida de alguém. Distorceu o posicionamento social para poder narrar desde o seu primeiro contato com a entidade de Mr. Barleycorn, quando da sua adolescência socialmente miserável, durante as festas das colheitas no interior da Califórnia, até a situação em que já escritor de sucesso não conseguia escrever senão alcoolizado. J. B. sentava ao seu lado e tomava a companhia de um gênio abandonado e mal entendido. J.B. foi seu companheiro fiel até sua morte precoce aos 40 anos por overdose de morfina.
Jack London foi um dos baluartes da desregra que sustenta a arte, dos virtuosos vícios que escolhem cores, definem redondilhas e trocam palavras, da maldita, atemporal e onipresente tríade do sexo, drogas e rock and roll.
Na síntese da história ele começou com o burbon da roça e terminou com o scoth da elite, enquanto anotava (e com maestria) cada detalhe do processo, enfim o maior herói que um blogger cachaçeiro como eu poderia ter.
Um salve pro London e pro John Barleycorn, que no fundo mesmo, pelo menos pra mim, foram sempre o mesmo cara.

Um brinde.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Quando a guarda se abaixa





Quando a guarda se abaixa

Nesse fim de semana aluguei alguns filmes e acidentalmente dois filmes sobre ex-lutadores de Box. Detalhe sem qualquer importância se pelo menos um deles não fosse um dos melhores filmes que já vi (ignorando clichês, vaidades e estereótipos típicos) “On the waterfront – Sindicato de Ladrões”, talvez devido a influência de experiências recentes sobre as quais já me manifestei, me inspirou como a muito não sentira. Já o autoral e também brilhante “Ranging Bull – Touro Indomável” apesar da intensidade e força, não conseguiu me deslocar tão profundamente quanto o anterior.

Touro Indomável narra os erros e os acertos na vida de alguém que não teve nada à favor de si além do o amor de um irmão por fim surrado e injustiçado por um protagonista vaidoso e desorientado que consegue notoriedade e fortuna por mérito de do talento para desfigurar faces e pela astúcia, ignorada por ele, do irmão por ciúmes surrado e abandonado. A intensidade do personagem e da história é notória, a trilha sonora é perfeita, os takes mágicos de Martin Scorcese são de emocionar até nazista. Um belíssimo filme em preto e branco.

Mas também em preto e branco, também sobre um ex lutador, porém despido de qualquer pretensão artístico-autoral Sindicato de Ladrões expõe problemas político-sociais reais, equilibra-se por meio de um romance improvável e embasasse na melhor homilia que já ouvi, pregada pelo personagem de um padre chegado à álcool e cigarros, que compara o silêncio às injustiças sociais com a conivência diante da “crucificação” do Salvador.

No final da fita, caminhando trucidado enquanto lidera a prole, Marlon Brando carrega o sentido social da Ressurreição de Cristo - crucificado pela salvação dos que o condenaram e tendo a redenção na verdade e na fé em algo que só faz sentido quando o coração se manifesta ... o amor ao próximo.

Recomendo cegamente: “SINDICATO DE LADRÕES” – filme como a muito não se faz.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

amordaça





mordaça

Amordaçar, ou seja, calar na marra (literalmente). Ação empregada com competência e elegância pelos bancos desde algum tempo. Porque divulgar a paralisação (pelo movimento grevista) de mais de sete mil agências bancárias no Brasil, só não pode ser considerada uma ação jornalisticamente importante se isso não for do interesse de alguns dos principais anunciantes dos meios de comunicação: ‘os bancos’ . Que usam cruel e elegantemente do poder financeiro para amordaçar a TELEVISÃO.

A negligência adotada pelas emissoras de TV aberta em nível nacional (leia-se GLOBO, RECORD, SBT, BANDEIRANTES e REDE TV)quanto a divulgar dados sobre o movimento grevista dos trabalhadores bancários é tão evidente que chega a assustar. Além de ser absolutamente ignorada nos tele-noticiários de audiência nacional a greve dos bancários não tem recebido sequer notas nos portais de internet das principais emissoras abertas, o que se estende até aos portais de empresas que atuam somente na internet como provedoras de serviços relacionados ao canal e de comunicação e divulgação de assuntos de interesse geral da sociedade.

Afinal, o que é do interesse social geral ? Milhões de cidadãos privados do atendimento bancário ou simplesmente o faturamento de meia dúzia (ou menos) de empresas de comunicação que desprezam os interesses da sociedade como um todo se amordaçando a troca de dinheiro.

A população paga (por meio dos juros e tarifas) para que os bancos a privem da veracidade e integridade das informações que tem direito. Uma lamentável incoerência gerada pela ganância inescrupulosa e anti-ética de emissoras de TV, bancos e toda uma classe ditadores travestidos que cospem na dignidade do povo por vultuosos trocados.

Ji-Parana(RO), 06 DE OUTUBRO DE 2009

Erlon R. V. Sanders

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

futebol - flamenguismo - etc

A era dos cartolas definhou o futebol carioca. “Os Quatro Grandes” diminuíram sua grandiosidade a partir dos equívocos de seus administradores. A confusão promovida pelos cartolas sanguessugas promove a idéia de que o rebaixamento é saudável. A iminente possibilidade de rebaixamento de Botafogo e Fluminense e a precária condição do meu adorado Flamengo, causa inveja à condição do Vasco da Gama. Dívidas sob controle, folha de pagamento sob controle, uma equipe sob controle ... condição invejável a qualquer grande clube brasileiro e principalmente aos ditos “grandes” clubes cariocas de futebol.

O clássico exemplo do Flamengo que vive do passado mais concretamente do que qualquer museu, estabelece definitivamente a premissa que define: sem investimento em estrutura, e sem planejamento a médio e longo prazo (ou seja, embasamento administrativo-empresarial) a atividade futebolística caminha para a frustração completa, e definitiva derrota.

Sem estrutura qualquer além de sua absoluta torcida o flamengo segue irregularmente em quase todas competições, apesar de um ou outro êxito (leia-se Copa do Brasil 2007 e ignore-se os Cariocas inexpressivos). Nesse aspecto o histórico rubro negro carioca perde humilhantemente do carente (apenas de glórias passadas) Barueri, que com apenas 20 anos de existência, supera humilhantemente o centenário Flamengo em estrutura e investimento, compondo o maior superávicit do futebol brasileiro superando até mesmo o arrasador tri-campeão SPFC.

O quadro que crucifica os malditos “Cartolas” é evidente e justo. Mas a passividade da torcida ou a distorção na atribuição da responsabilidade pelos mal resultados também é evidente, porém não tão justa.

Na moral, eu voto no ZICO em qualquer eleição pra presidência do Flamengo e que se foda todo o resto.

Chega de Kleber Leite que pula fora sempre na hora que o bicho pega em torno das cagadas que ele faz.

O ZICO pelo menos assume a responsabilidades pelas cagadas e mantém, na medida do possível, a cabeça erguida, enquanto profissional de futebol.

Nosso GALINHO terá sempre a reverência de nós Rubro-Negros em nome de toda uma história escrita principalmente por seus pés mágicos.

Salve ZICO, JÚNIOR, e Cia. Intercedei por nós Flamenguistas em desespero na iminência de um futuro mais negro do que rubro.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

De novo sobre futebol

Caro Arthur (nome de peso hein !),
Não tenho entendimento ou conhecimento ou mesmo experiência futebolística suficiente pra me aventurar a dar pitacos técnicos sobre supostas medidas que melhorariam o desempenho do nosso ´viçeral` Mengão. Me encontro aquém de pretenciosos palpites sobre escalação, esquema tático defensivo/ofensivo, ou mesmo sobre a oscilante condição física dos nossos trabalhadores de campo, Afinal, na minha vida esportiva prática o Basquetebol foi a principal paixão e prática e, no âmbito dessa modalidade estamos (nós flamenguistas), desde algum tempo, literalmente: sobrando. Mas apesar de minha condição me aventuro a opinar sobre um aspecto que nitidamente prejudica o FLAMENGO, os jogos em casa.
O time se esforça, conquista na raça resultados inacreditáveis como os antepenúltimo e penúltimo jogos e, no último, mesmo na condição incontestável de mandante, ao lado de uma torcida sempre encantada ... empatamos.
O FLAMENGO deve se conscientizar de que o Maracanã não é um vale encantado rubro negro onde a vitória brota naturalmente regada pelo canto mântrico: meeeeengooh entoado pelos milhares de seguidores da religião que é o flamenguismo. O Maraca é um campo de batalha como todos os outros e a vitória não vem de graça ou só através da fé de todos nós abnegados torcedores rubro-negros dentro do maracanã ou a milhares de kilometros distantes como eu que vivo em Rondônia. A vitória jogo a jogo advem de amor ao que se faz por parte de cada profissional, à aplicação incondicional à conquista do resultado por parte da equipe e também e de forma absolutamente sofrível a nossa paixão mortal pelo lendário Clube de Regatas Flamengo.
A vitória em casa não é garantida, seja o time em questão o Flamengo ou qualquer que seja. A vitória em casa é CONQUISTADA como qualquer outra, sem qualquer facilitação que não ouvir uma torcida absolutamente fanática e numerosa cantar alegremente de gratidão.



Testo postado como comentário no blog do Arthur Muhlenberg (BLOG DO TORCEDOR) nessa data.

erlon

domingo, 19 de julho de 2009

Abolição Tardia


As chamadas “Ciências Administrativas” perpetuam massivamente não só no meio acadêmico como também nos núcleos administrativos das empresas que motivar positivamente seus colaboradores é um dos recursos a lançar mão no alcance das metas e resultados buscados.

À margem dessas teorias modernas viviam os escravagistas europeus das colônias que utilizavam métodos como castigos violentos, torturas e execuções para 'motivar' os trabalhadores braçais a serem servis e produtivos. Espantosamente ainda podemos encontrar alguns executivos do setor financeiro que se consideram capatazes de suas empresas e provam à partir de suas práticas diárias de coação e humilhação que vivem e trabalham sob uma mentalidade dos tempos de escravidão, a mais de um século extinta. O que mostra o quanto são ultrapassados seus conceitos profissionais.
A era dos gerentes carrascos já passou da hora de acabar. São corpos estranhos dentro de um organismo corporativo saudável, adoecendo nossas empresas, contaminando suas vítimas de assédio e marcando suas vidas pra sempre. A luz da justiça, a necessidade desse desfecho aparecerá, e trará de volta, sem ressalvas, a todos nos trabalhadores do setor bancário ou não, o prazer e o orgulho em fazer parte de nossas equipes e de nossas amadas corporações.

terça-feira, 30 de junho de 2009

O Retorno da Maldição do Sertão

O Retorno da Maldição do Sertão

(ainda que o sertão não tenha nada a ver com isso)

A dita "música sertaneja" teve seu ápice popular no intervalo entre o final da década de 80 até meados dos anos 90. Nessa época, já se questionava a autenticidade dos representantes do título “sertanejo”, uma vez que pouco ou quase nada se mostrava da música tocada, composta e inspirada no sertão brasileiro ou em qualquer região interiorana e ruralista do país.

O som do sertão foi distorcido, apelativamente romantizado, industrialmente (!) distribuído e produzido, e, urbanamente (!!) vestido e estetizado. Enfim, o sertão foi esquecido na hora criar um negócio moldado nos moldes do pop, ainda que o seu nome tenha sido usado pra representar o movimento.

Mas, o tempo passou e, graças a outras merdas manipuladas pela indústria fonográfica como o ‘axé’ e o ‘pagode’ o pop sertanejo ficou em segundo ou terceiro plano, fatalmente.

Hoje, graças às reviravoltas do pop, ou à queda do nível do nível intelectual dos ouvintes da música popular, eles estão de volta ! ... E com diploma de nível superior ... (rsrsrs) !!! Graduados em breguismo e pós graduados em mesmice, se ploriferando ainda mais rápido que as faculdades particulares e instituições de ensino superior à distância, das quais as duplas sertanejas universitárias devem ter abandonado, fugido, ou terminado nas coxas seus cursos (se é que um dia os freqüentaram), tendo em vista à baixa qualidade musical, a total ausência de inovação de uma dupla para a outra, o apelo estético modernoso e forçado, dentre outras degradantes características que soam no mesmo tom de mediocridade para o qual se entona o ensino superior no Brasil, onde também falta inovação, criatividade, estímulo ao senso crítico e seriedade na manutenção do título atribuído à educação exercida nas universidades brasileiras.

De forma abrangente o “Sertanejo Universitário” reflete a desvirtuação dos nossos títulos educacionais e reforça a precariedade intelecto/social da massa estudantil brasileira. O que arremete a um certo (e irônico) saudosismo da época em que o governo militar detinha ou torturava quem tinha carteira de estudante e liberava quem tinha carteira de trabalho, visto que hoje os movimentos sindicais são ridicularizados pelos estudantes universitários apolíticos, acéfalos e alienados e, a única vertente politicamente e puramente esquerdista são os movimentos grevistas, cada vez mais enfraquecidos pela força da mídia vendida e pelo déficit educacional brasileiro.

A “Maldição do Sertão” está de volta. Apocalipticamente presente. E que Deus nos ajude a agüentar a pressão direcionada pelo inócuo pensamento político da massa brasileira..

Ji-Paraná/RO (a terra dos cowboys), 01 de julho de 2009.

Erlon R. V. Sanders.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Aos Bastardos

Me estagnei musicalmente, graças a minha preguiça crônica que fatalmente me impedia de pesquisar por coisas novas e interessantes que não eram divulgadas por veículos comuns de massa. Tinha contato apenas com o que me era colocado diante da fuça. Por isso andei meio que avesso a novidades, uma vez que quase tudo que me era servido na bandeja da mídia, ainda que me agradasse, não conseguia me tocar. Mas ironicamente a MTV me apresentou uma banda nova pra mim que, não só me tocou, como fez minha cabeça definitivamente. Um programa chamado COLUNA MTV (que divulga de forma original algumas pérolas musicais desconhecidas) me jogou na cara uma tal “HEARTLESS BASTARDS”. Bateu na hora. Não sei exatamente por que. A barulheira noventista que me educou em vários aspectos na adolescência vem sendo revista por várias bandas, mas essa banda me pareceu se apoderar daqueles sentimentos de outrora de forma perfeitamente atual e sem parecer velha ou saudosista. Acordes simples e pouco numerosos, cacofonias contidas, interferências de elementos alternativos como viola, violoncelo, e a voz da Erika Wennerstrom.

A voz dela merece um parágrafo à parte. Um timbre que eu não conheço referências ou comparações, uma força discreta que vem à tona somente quando necessário, normalmente pra pontuar o sentido visceral de suas poesias. Erika (único membro que nunca saiu da banda) não carrega a banda nas costas, mas nas cordas vocais e nas palavras melancolicamente desconcertantes.

Se cabe recomendações específicas, comece pelo último álbum “THE MOUNTAIN” ouça de cabo a rabo, e depois pense a respeito.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

ainda sobre futebol ...

... Hoje, 11 de junho de 2009, fui ao estádio municipal pra ver uma partida de futebol entre o All Star Masters do FLAMENGO (meu time de coração e nascença) e um catadão de masters do meu estado, RO, onde até o governador (um miserável, corrupto, sangue-suga, ignorante, autoritário, etc.) tava com a camisa 10, o fla-masters ganhou de 6x1, o governador levou um desconcertante chapéu (símbolo pessoal do maldito - o 'chapéu') do Nélio jogador que teve sua importância até mesmo na conquista do último campeonato brasileiro em 1993. Mas, apesar da tentadora condição de massacrante do brinquedo governista, o jogo foi meia-boca. O Rondinelli (deus da raça rubro-negra) saiu machucado no primeiro lance, o Valber foi o mais negligente possível e o Adilho não fez porra nenhuma. O Nunes e o Airton fizeram dois gols cada um mas, não cativaram nem empolgaram ninguem.
Numa situação como a minha, onde nada acontece principalmente no âmbito futebolistico, a oportunidade de ver jogadores de verdade (ainda que inativos e herados) em ação empolga ... Mas pra eles uma platéia mirrada e esquisita não estimula, jogar contra um governador odioso não motiva e, superar a ressaca da noite anterior muitíssimo pior.
A emoção de ver pessoalmente em ação o Nélio, o Rondinelli, o Airton, o Adilho, o Valber, o Nunes entre outros, converteu-se em tolerância com os veteranos que não demonstraram a menor empolgação em representar o posto mítico de outrora.
E por mais absurdo que pareça, o governador acertou um lançamento perfeito.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

nothingsomething




CONVENIÊNCIA DE SER COVARDE

Há tempos, fui à Rua Bariri, ver um jogo do Fluminense. E confesso: - sempre considerei Olaria tão longínqua, remota, utópica como Constantinopla, Istambul ou Vigário Geral. Já na Avenida Brasil, comecei a sentir uma nostalgia e um exílio só equiparáveis aos de Gonçalves Dias, de Casimiro de Abreu. Conclusão: - recrudesceu em mim o ressentimento contra qualquer espécie de viagem. Mas, enfim, cheguei e assisti à partida. Nos primeiros trinta minutos, houve tudo, rigorosamente tudo, menos futebol. Uma vergonha de jogo, uma pelada alvar, que não valia os cinco cruzeiros do lotação. E, súbito, ocorre o episódio inesperado, o incidente mágico, que veio conferir ao match de quinta classe uma dimensão nova e eletrizante.

Eis o fato: - um jogador qualquer enfiou o pé na cara do adversário. Que fez o juiz? Arremessa-se, precipita-se com um élan de Robin Hood e vem dizer as últimas ao culpado. Então, este não conversa: - esbofeteia o árbitro. Ora, um tapa não é apenas um tapa: - é, na verdade, o mais transcendente, o mais importante de todos os atos humanos. Mais importante que o suicídio, que o homicídio, que tudo o mais. A partir do momento em que alguém dá ou apanha na cara, inclui, implica e arrasta os outros à mesma humilhação. Todos nós ficamos atrelados ao tapa.

Acresce o seguinte: - o som! E, de fato, de todos os sons terrenos, o único que não admite dúvidas, equívocos ou sofismas é o da bofetada. Sim amigos: - uma bofetada silenciosa, uma bofetada muda, não ofenderia ninguém, e pelo contrário: - vítima e agressor cairiam um nos braços do outro, na mais profunda e inefável cordialidade. È o estalo medonho que a valoriza, que a dramatiza, que a torna irresgatável.

Pois bem: - na bofetada de Olaria não faltou o detalhe auditivo. Mas o episódio não esgotara ainda o seu horror. Restava o desenlace: - a fuga do homem. Pois o juiz esbofeteado não teve meias medidas: - deu no pé. Convenhamos: - é empolgante um pânico assim taxativo e triunfal, sem nenhum disfarce, nenhum recato. Digo “empolgante” e acrescento: - raríssimo ou, mesmo, inédito.

Via de regra, só o heroísmo é afirmativo, é descarado. O herói tem sempre uma desfaçatez única: - apresenta-se como se fosse a própria estátua eqüestre. Mas a covardia, não. A covardia acusa uma vergonha convulsiva. Tenho um amigo que faz o seguinte: - chega em casa, tranca-se na alcova, tapa o buraco da fechadura e só então, na mais rigorosa intimidade - apanha da mulher. Mas cá fora, à luz do dia, ele é um Tartarin, um Flash Gordon, capaz de varrer choque de polícias especiais.

Pois bem. Ao contrário dos outros covardes, que escondem, que renegam, que desfiguram a própria covardia – o juiz correu como um cavalinho de carrossel. Note-se: há hoje toda uma monstruosa divulgação, que torna inexeqüível qualquer espécie de sigilo. E, logo, a imprensa e o rádio envolveram o árbitro. Essa covardia fotografada, irradiada, televisionada projetou-se irresistivelmente. E quando, em seguida, a policia veio dar cobertura ao árbitro, este ainda rilhava os dentes, ainda babava materialmente de terror. Acabado o match a multidão veio passando, com algo de fluvial no seu lerdo escoamento. Mas todos nós, que só conseguimos ser covardes às escondidas, tínhamos inveja, despeito e irritação dessa pusilanimidade que se desfralda como um cínico estandarte.

Nelson Rodrigues, 17/12/1955

[texto publicado na revista Manchete Esportiva – RJ]