O Retorno da Maldição do Sertão
(ainda que o sertão não tenha nada a ver com isso)
A dita "música sertaneja" teve seu ápice popular no intervalo entre o final da década de 80 até meados dos anos 90. Nessa época, já se questionava a autenticidade dos representantes do título “sertanejo”, uma vez que pouco ou quase nada se mostrava da música tocada, composta e inspirada no sertão brasileiro ou em qualquer região interiorana e ruralista do país.
O som do sertão foi distorcido, apelativamente romantizado, industrialmente (!) distribuído e produzido, e, urbanamente (!!) vestido e estetizado. Enfim, o sertão foi esquecido na hora criar um negócio moldado nos moldes do pop, ainda que o seu nome tenha sido usado pra representar o movimento.
Mas, o tempo passou e, graças a outras merdas manipuladas pela indústria fonográfica como o ‘axé’ e o ‘pagode’ o pop sertanejo ficou em segundo ou terceiro plano, fatalmente.
Hoje, graças às reviravoltas do pop, ou à queda do nível do nível intelectual dos ouvintes da música popular, eles estão de volta ! ... E com diploma de nível superior ... (rsrsrs) !!! Graduados em breguismo e pós graduados em mesmice, se ploriferando ainda mais rápido que as faculdades particulares e instituições de ensino superior à distância, das quais as duplas sertanejas universitárias devem ter abandonado, fugido, ou terminado nas coxas seus cursos (se é que um dia os freqüentaram), tendo em vista à baixa qualidade musical, a total ausência de inovação de uma dupla para a outra, o apelo estético modernoso e forçado, dentre outras degradantes características que soam no mesmo tom de mediocridade para o qual se entona o ensino superior no Brasil, onde também falta inovação, criatividade, estímulo ao senso crítico e seriedade na manutenção do título atribuído à educação exercida nas universidades brasileiras.
De forma abrangente o “Sertanejo Universitário” reflete a desvirtuação dos nossos títulos educacionais e reforça a precariedade intelecto/social da massa estudantil brasileira. O que arremete a um certo (e irônico) saudosismo da época em que o governo militar detinha ou torturava quem tinha carteira de estudante e liberava quem tinha carteira de trabalho, visto que hoje os movimentos sindicais são ridicularizados pelos estudantes universitários apolíticos, acéfalos e alienados e, a única vertente politicamente e puramente esquerdista são os movimentos grevistas, cada vez mais enfraquecidos pela força da mídia vendida e pelo déficit educacional brasileiro.
A “Maldição do Sertão” está de volta. Apocalipticamente presente. E que Deus nos ajude a agüentar a pressão direcionada pelo inócuo pensamento político da massa brasileira..
Ji-Paraná/RO (a terra dos cowboys), 01 de julho de 2009.
Erlon R. V. Sanders.