quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

A SEDUÇÃO DE JOHN BARLEYCORN







Anos antes de agora, a cerveja era pra mim algo amargo, azedo, esquisito - pelo fato de ser azeda e amarga ao mesmo tempo - enfim, em termos gustativos, muito ruim.
Hoje, me derreto ao sabor de uma cerveja boa ... com um teor diferente em algum aspecto ... um gosto que inspire o sentido de estar degustando algo peculiarmente agradável.
O álcool me inspira, John Barleycorn me seduziu. É companhia indispensável, necessária, inspiradora.
Desenvolver percepções gustativas em relação à vinhos, cervejas, wiskies, pingas e etc., é um acréscimo cognitivo no indivíduo mas também é um traço de um alcoolismo cretino e arrogante.
kkkk
Sou cachaceiro porém enjoado.
Me dou ao luxo escolher a forma mais agradável de me deixar bêbado.
Jack London personificou pra mim o que é a influência da bebida na vida de alguém. Distorceu o posicionamento social para poder narrar desde o seu primeiro contato com a entidade de Mr. Barleycorn, quando da sua adolescência socialmente miserável, durante as festas das colheitas no interior da Califórnia, até a situação em que já escritor de sucesso não conseguia escrever senão alcoolizado. J. B. sentava ao seu lado e tomava a companhia de um gênio abandonado e mal entendido. J.B. foi seu companheiro fiel até sua morte precoce aos 40 anos por overdose de morfina.
Jack London foi um dos baluartes da desregra que sustenta a arte, dos virtuosos vícios que escolhem cores, definem redondilhas e trocam palavras, da maldita, atemporal e onipresente tríade do sexo, drogas e rock and roll.
Na síntese da história ele começou com o burbon da roça e terminou com o scoth da elite, enquanto anotava (e com maestria) cada detalhe do processo, enfim o maior herói que um blogger cachaçeiro como eu poderia ter.
Um salve pro London e pro John Barleycorn, que no fundo mesmo, pelo menos pra mim, foram sempre o mesmo cara.

Um brinde.

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